terça-feira, 16 de novembro de 2010

O tempo só passa...

Hoje estou à trinta dias de comemorar o meu aniversário de 21 anos de vida. Aliás, vida curta essa nossa de ser humano, né?... sessenta, setenta, oitenta, uns afortunados, noventa, quem sabe cem anos... outros não tanto, vivem cinquenta, quarenta, as vezes vinte, dez, as vezes perdem o sorriso antes mesmo de nascerem dentes, ou antes mesmo de verem a sagrada luz do sol! Uma tartaruga por exemplo, a depender da espécie pode chegar ao dobro da nossa expectativa de vida. Pense viver 150 anos! Já uma formiga, "coitada", vive de trinta a sessenta dias em média. E que tal uma mosca, que vive menos de um mês? Deixando esse inútil levantamento, de lado, penso eu comigo mesmo: Como medir o tempo através da nossa noção simplória de vida material? Ou talvez a pergunta seja outra... Como medir o tempo através da intensidade a qual vivemos o mesmo? Unhumm, agora sim, talvez a pergunta seja mais intrigante... Nascemos, crescemos, nos multiplicamos, envelhecemos e então morremos. Essa é a regra, correto? Sei não, penso eu de maneira lógica que esse é apenas uma breve síntese do que seria a nossa jornada biológica em vida. Percebo que existe um intervalo entre estes acontecimentos e ao ultrapassar a própria lógica, tendo em vista a sua limitação física e material, enxergo eu que dentro deste intervalo, aquele aparente pedaço breve da vida se torna vasto, se subdivide e se agrega a uma série de momentos e instantes interligados, que costurados, fazem da vida uma linha larga e heterogênia, não tão simples, breve e homogênea quanto parece ao olharmos por cima. Naturalmente em algum(ns) momento(s) da nossa vida,  paramos por alguns segundos, minutos, horas, até mesmo dias e fazemos um retrospecto entorno dessa nossa vida, começando do início ou pelo menos de onde temos lembranças, até o presente momento. E assim nos deparamos com acontecimentos diversos, os quais muitos nos trazem saudades ou sensasão de missão cumprida, que chega nos anestesia por dentro: "Ah, como foi bom!". Já outras lembranças... "Xii! Se eu pudesse, voltava no tempo e concertava tudo! Juro que faria diferente! Meu Deus, como fui burro! etc.", Reflito então que o que passou, no passado está e portanto não se apaga, nao se deleta. Pra cada ação há uma reação, como diz um dos princípios básicos da Física e isso talvez ajude a responder o que somos e quem somos. Pra cada gesto e palavra uma gravura fica no espaço, seja ele natural ou geográfico e de lá não sai, pois o seu "HD e memória" são eternizados no infinito que compreende o material e o imaterial. Lembro então da minha querida e sábia professora de Pedologia, Agna Menezes, e sua frase simples e profunda: "Gente, o tempo não é agente de nada, ele só passa!!" Quantas vezes nos dizemos ou dizemos aos outros que só o tempo pode curar, que o tempo alivia, que o tempo nos faz esquecer, amar, deixar de amar, que com o tempo tudo passa, sendo que na verdade tudo passa pelo tempo e dentro dele e não ao contrário! Os ponteiros do relógio apenas marcam de forma numérica essa nossa passagem. Por fim pude aprender nessa minha presente jornada de 20 anos e 11 meses de vida, feitos hoje, que não é o registro númerico da minha idade que faz dela nova ou velha, curta ou extensa, caloura ou experiente, e sim a vivência, a qual me pré-disponho dia após dia, a mobilidade, vigilância e atuação minha, dentro do tempo em que passo no espaço em que habito. Duas ou mais pessoas com o mesmo registro numerico de idade terão sempre tempos de vida distintos. Talvez meu semelhante "x" que tenha os mesmos 20 anos e 11 meses registrados hoje, tenha um acúmulo, uma vivência e por tanto um tempo de vida, de séculos à minha frente, assim como talvez um semelhante "y" tenha nessa mesma perspetiva, apenas meses de tempo de vida, sendo que nós três estamos inseridos num mesmo espaço, desde o nosso nascimento, naquele 16 de dezembro de 1989, até então. Finalizo sem mais delongas transcrevendo um trecho belíssimo que completa e inunda a minha reflexão. O descobri, algumas horas após compôr esse texto. Ele fala sobre o conceito e dilatação do tempo, do espiritualista e mestre em Ciêncais, Roberto C.P. Júnior, que diz:
"Tempo-espaço é o binômio concedido a cada criatura para o seu desenvolvimento, esteja ela ainda na Terra ou em qualquer outra parte da Criação. Contudo, o tempo não se altera. (...) O que muda é a percepção que temos dele, segundo nossa própria mobilidade espiritual e terrena. (...) Se o espírito do ser humano atuasse como deveria, suas vivências seriam incomensuravelmente mais ricas. Transformar-se-iam imediatamente em reconhecimentos duradouros, indeléveis, e com isto em evolução. E a própria ciência também não precisaria mais esforçar-se paroxisticamente em esticar a vida em alguns poucos anos, pois poderíamos facilmente vivenciar séculos durante nossa curta passagem pela Terra."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O ciclo citadino


Sai dia, entra noite, sai noite entra dia e o interminável ciclo citadino se estende, se encolhe, se multiplica, se engole, nos engole, nos determina, nos solta, nos apreende, nos envolve, nos regogita, nos vomita, nos devolve... Meio doido esse, confuso,  complexo, tão perplexo que chega a nos fazer dislexos. Produz, reproduz e no fim ainda nos deixa sem luz... Ah ciclo citadino, robusto na aparência do ser alegre e faminto, queria eu ter a tua fome e ser do tamanho do teu recinto, pra te embaraçar no teu próprio veneno e abstrair aquilo que sinto. 
"(...) Desta forma o urbano é mais do que um modo de produzir, é também um modo de consumir, pensar, sentir, enfim, é um modo de vida..."      (Ana Fani A. Carlos - A Cidade, 1999)