quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

No fundo do poço existe uma mola

Hoje acordei me sentindo um tanto só... Na verdade, sendo de fato sincero, ha um bom tempo, me sinto só. O tom dramático as vezes soa bem para àqueles que não me conhecem bem, porém quando externalizo esse sentimento de solidão, não me refiro à falta de pessoas físicas ao meu redor, muito menos a companhia dos seus gestos e palavras. O que eu quero dizer de certo modo é que "me sinto só consigo mesmo" E isso talvez me machuque e provoque machucados aos que me amam ou apenas cruzam o meu caminho, sem que tenham culpa. E isso talvez me machuque mais do que a famosa solidão, cuja falta de alguém pode trazer à uma pessoa. Ser sozinho consigo... Algo dificil de se compreender. As vezes me paro em meio ao tempo que passa, e vejo tudo aquilo que passa junto à ele, as pessoas que chegam e vão das/pelas nossas vidas, os momentos únicos que temos para eternizar algo ou simplesmente reproduzir a sua unicidade. Lembro quando a minha saliva balbuciou a idéia de construir, desconstruir, reconstruir, criar, zelar, amar, ceder, ter algo cedido, lutar, pacificar, gritar, cantar, dançar, compôr, ah sei lá. E as vezes um simples detalhe, um mísero grão de areia, consegue desmoronar uma iniciativa aparentemente tão sólida, e enérgica, tão cheia de amor, de boa vontade. Mas, se amor e boa vontade valessem acima de tudo,  aos olhos dos loucos, famintos e insaciávies seres humanos, o Cristo não seria crucificado. Bom, hoje estou tão insoço que termino esse texto lastimável por aqui, apenas trazendo a seguinte reflexão:

* "No fundo do poço tem uma mola (...) que de longe não se vê, por isso o fundo. Ele dá a sensação de vistas cegas, mas é de lá que muitas vezes se volta a enxergar. Lá no fundinho do posso a sensação é de solidão, de abandono, mas inexplicavelmente, existe a chamada mola (...) A mola pula mais alto, quando se segura à tua vontade, quando você sente vontade de sair de lá."

*retirado do Blog: (http://essencialmentepalavras.blogspot.com/2009/03/no-seu-fundo-de-poco-ha-mola.html)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O tempo só passa...

Hoje estou à trinta dias de comemorar o meu aniversário de 21 anos de vida. Aliás, vida curta essa nossa de ser humano, né?... sessenta, setenta, oitenta, uns afortunados, noventa, quem sabe cem anos... outros não tanto, vivem cinquenta, quarenta, as vezes vinte, dez, as vezes perdem o sorriso antes mesmo de nascerem dentes, ou antes mesmo de verem a sagrada luz do sol! Uma tartaruga por exemplo, a depender da espécie pode chegar ao dobro da nossa expectativa de vida. Pense viver 150 anos! Já uma formiga, "coitada", vive de trinta a sessenta dias em média. E que tal uma mosca, que vive menos de um mês? Deixando esse inútil levantamento, de lado, penso eu comigo mesmo: Como medir o tempo através da nossa noção simplória de vida material? Ou talvez a pergunta seja outra... Como medir o tempo através da intensidade a qual vivemos o mesmo? Unhumm, agora sim, talvez a pergunta seja mais intrigante... Nascemos, crescemos, nos multiplicamos, envelhecemos e então morremos. Essa é a regra, correto? Sei não, penso eu de maneira lógica que esse é apenas uma breve síntese do que seria a nossa jornada biológica em vida. Percebo que existe um intervalo entre estes acontecimentos e ao ultrapassar a própria lógica, tendo em vista a sua limitação física e material, enxergo eu que dentro deste intervalo, aquele aparente pedaço breve da vida se torna vasto, se subdivide e se agrega a uma série de momentos e instantes interligados, que costurados, fazem da vida uma linha larga e heterogênia, não tão simples, breve e homogênea quanto parece ao olharmos por cima. Naturalmente em algum(ns) momento(s) da nossa vida,  paramos por alguns segundos, minutos, horas, até mesmo dias e fazemos um retrospecto entorno dessa nossa vida, começando do início ou pelo menos de onde temos lembranças, até o presente momento. E assim nos deparamos com acontecimentos diversos, os quais muitos nos trazem saudades ou sensasão de missão cumprida, que chega nos anestesia por dentro: "Ah, como foi bom!". Já outras lembranças... "Xii! Se eu pudesse, voltava no tempo e concertava tudo! Juro que faria diferente! Meu Deus, como fui burro! etc.", Reflito então que o que passou, no passado está e portanto não se apaga, nao se deleta. Pra cada ação há uma reação, como diz um dos princípios básicos da Física e isso talvez ajude a responder o que somos e quem somos. Pra cada gesto e palavra uma gravura fica no espaço, seja ele natural ou geográfico e de lá não sai, pois o seu "HD e memória" são eternizados no infinito que compreende o material e o imaterial. Lembro então da minha querida e sábia professora de Pedologia, Agna Menezes, e sua frase simples e profunda: "Gente, o tempo não é agente de nada, ele só passa!!" Quantas vezes nos dizemos ou dizemos aos outros que só o tempo pode curar, que o tempo alivia, que o tempo nos faz esquecer, amar, deixar de amar, que com o tempo tudo passa, sendo que na verdade tudo passa pelo tempo e dentro dele e não ao contrário! Os ponteiros do relógio apenas marcam de forma numérica essa nossa passagem. Por fim pude aprender nessa minha presente jornada de 20 anos e 11 meses de vida, feitos hoje, que não é o registro númerico da minha idade que faz dela nova ou velha, curta ou extensa, caloura ou experiente, e sim a vivência, a qual me pré-disponho dia após dia, a mobilidade, vigilância e atuação minha, dentro do tempo em que passo no espaço em que habito. Duas ou mais pessoas com o mesmo registro numerico de idade terão sempre tempos de vida distintos. Talvez meu semelhante "x" que tenha os mesmos 20 anos e 11 meses registrados hoje, tenha um acúmulo, uma vivência e por tanto um tempo de vida, de séculos à minha frente, assim como talvez um semelhante "y" tenha nessa mesma perspetiva, apenas meses de tempo de vida, sendo que nós três estamos inseridos num mesmo espaço, desde o nosso nascimento, naquele 16 de dezembro de 1989, até então. Finalizo sem mais delongas transcrevendo um trecho belíssimo que completa e inunda a minha reflexão. O descobri, algumas horas após compôr esse texto. Ele fala sobre o conceito e dilatação do tempo, do espiritualista e mestre em Ciêncais, Roberto C.P. Júnior, que diz:
"Tempo-espaço é o binômio concedido a cada criatura para o seu desenvolvimento, esteja ela ainda na Terra ou em qualquer outra parte da Criação. Contudo, o tempo não se altera. (...) O que muda é a percepção que temos dele, segundo nossa própria mobilidade espiritual e terrena. (...) Se o espírito do ser humano atuasse como deveria, suas vivências seriam incomensuravelmente mais ricas. Transformar-se-iam imediatamente em reconhecimentos duradouros, indeléveis, e com isto em evolução. E a própria ciência também não precisaria mais esforçar-se paroxisticamente em esticar a vida em alguns poucos anos, pois poderíamos facilmente vivenciar séculos durante nossa curta passagem pela Terra."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O ciclo citadino


Sai dia, entra noite, sai noite entra dia e o interminável ciclo citadino se estende, se encolhe, se multiplica, se engole, nos engole, nos determina, nos solta, nos apreende, nos envolve, nos regogita, nos vomita, nos devolve... Meio doido esse, confuso,  complexo, tão perplexo que chega a nos fazer dislexos. Produz, reproduz e no fim ainda nos deixa sem luz... Ah ciclo citadino, robusto na aparência do ser alegre e faminto, queria eu ter a tua fome e ser do tamanho do teu recinto, pra te embaraçar no teu próprio veneno e abstrair aquilo que sinto. 
"(...) Desta forma o urbano é mais do que um modo de produzir, é também um modo de consumir, pensar, sentir, enfim, é um modo de vida..."      (Ana Fani A. Carlos - A Cidade, 1999)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Falso Cristianismo

"(...)No Sermão da montanha, Jesus definiu os princípios básicos de uma nova religião. Jesus exaltava a pobreza, a humildade e a fraternidade, aspectos que não eram valorizados nas sociedades anteriores." **

Princípios básicos e indiscutíveis: Amai a Deus sobre todas as coisas e amai ao próximo assim como a ti mesmo. Afinal quem é o próximo que Jesus tanto suscitou? Serão os meus pais, irmãos consanguíneos, familiares e amigos mais próximos e só? ou aqueles não tão "próximos" também estariam incluídos? Prefiro acreditar que o próximo ao qual o Mestre se-refere é justamente aquele ser indiferente que se encontra do outro lado da calçada, muito mais do que aquele que convivo em meu ciclo familiar e amistoso, cuja a facilidade de se amar e se ajudar é agradável na maioria das vezes. Em templos suntuosos, sentados em bando, com apenas os olhos e a cabeça voltados ao altar, socialmente bem vestidos e com aparente semblante de seriedade, igualdade e complacência, muitos de nós ouvimos calmamente os sermões e discursos, as vezes pálidos, outras vezes inflamados, nem sempre sensatos e inspirados, dos intitulados sacerdotes cristãos. Ao final, do mesmo modo em que entramos, apenas com os olhos e a cabeça erguidos à frente dos nossos corpos, saimos seguindo os nossos respectivos caminhos, com a falsa certeza de que esse ritual já nos basta, de que assim estamos sendo verdadeiros cristãos. Nossa! Que bonito cristianismo vivemos praticando dia após dia! Com o perdão da palavra, engolimos "reto à dentro" toda a hipocrisia social, toda a ordem neoliberal, todo o egoísmo unilateral. Enquanto o nosso próximo agoniza nas calçadas, nas filas, nas valas, no pó e na pedra, preferimos como diz o sábio Kim (Catedral), beber pra esquecermos que estamos sem direção, completo dizendo que mergulhamos em mundos imaginários e egocentricos, portanto, bebemos da nossa própria ilusão. Daí eu penso que talvez o dízimo seja algo mais que a contribuição frente ao altar, talvez o dízimo seja de fato partilhar e não concentrar nas mãos o futuro do cidadão. Talvez ser de cristo seja algo mais que ir ao templo "bater cartão", talvez ser de cristo seja ser irmão e fora da igreja, partilhar o pão, abraçar a dor dos que dizem "não" e curar com o amor antes de anunciar a salvação!!


**Diogo Brandão e Pedro Marques, O Cristianismo: uma religião inovadora

domingo, 10 de outubro de 2010

Felicidade mora ao lado...

Iniciou-se ante-ontem à noite mais um feriadão... Eita coisa boa! Precisava esparecer um pouco, ver o vento no litoral que tanto me encanta, me acalma e acolhe a alma, rever amizades, como a minha querida índia Naina, assim como também, quem sabe, formar novas... Desse modo começei o meu sábado; peguei um ônibus e sai do ar tenso, ríspido e agoniante de Itabuna, em direção à Ilhéus. Pensava eu sobre a felicidade, mais especificamente pelos momentos em que até então eu havia passado e estava passando, tão turbulentos e incertos... Até ai tudo bem. Então uma senhora entra no ônibus... ligeiramente um espanto geral surge no ar, ainda que bastante discreto e comodo. Uma mulher "definhada", cega de um olho e o outro quase tomado pelo mesmo mal. Visívelmente desnutrida e desprovida de qualquer condição de vida humana, digna... O corpo cheio de marcas, bastante visíveis aos nossos olhos. Ela apenas pedia uma ajuda enquanto levantava uma cartela de comprimidos com um único comprimido ainda a ser consumido... Nessas horas a nossa impotência perante à vida do próximo torna-se escancarada, desnuda. Assim alguém abre a mochila e apenas enxerga uma nota de 5 reais, não pensa duas vezes e entrega a senhora. Ela se espanta o ver uma nota de 5 reais, acostumada com moedinhas de 5, 10, talvez 50 centavos, se desse sorte 1 real, observava a nota de 5 reais como se fosse uma de 100 ou 10 delas, de repente um sorriso e um esbravejo: "Deus te abençoe meu filho! Que ele te dê saúde!" "Amém!". A senhora se encheu de alegria e após saltar do ônibus, através da janela, uma imagem simples, talvez com pouco ou nenhum significado aos civís alí presentes, cegos de acordo a sua conveniência, sôou profundamente no meu ser. Um sorriso quase que sem dentes mais com um brilho tão intenso e tão sincero e um acenar com as mãos, doce e suave. De quem novamente agradece com a alma calejada porém entusiasmada. Seguia eu a minha caminhada à Zona Sul ilheense e ali refletia àquela imagem atônita em minha mente e em meu peito. O que são 5 reais frente ao sofrimento que aquela senhora vivia, assim como tantos bilhões vivem por ai a fora? Não é pela oferta material simples e simbólica que me ative à reflexão, nem tão pouco sobre como esse miúdo seria utilizado por ela. Tão pouco importa isto nesse momento... Simplesmente na face daquela senhora eu enxerguei a minha face e a face dos que amo, enxerguei o resultado das nossas próprias misérias antes mesmo da miséria dela, o quão miserável somos interiormente e interminávelmente e quanta miséria defecamos pelos nossos olhos, boca e atos vãos. Procurava na imagem que tinha vivenciado ali, algum futuro, um resultado, uma oportunidade, uma perspectiva e óbvio, me dei conta de que é nítido que no estado em que aquela mulher se encontrava, não existiam perspectivas, futuros, muito menos oportunidades... 5 reais amenizadores da dor por alguns minutos ou talvez até o fim do dia, até que o ciclo diário a coloque de volta ao verdadeiro "real". Assim também me dei conta de que a mim é dada uma oportunidade única e exlusiva todos os dias, um conjunto de obras à serem construídas no presente, e consigo a existência de um futuro. De frente à miséria alheia pude enxergar não só à minha miséria mas a feliz e rara capacidade que me é concedida de ser e promover a felicidade, de plantar e regar o jardim alheio, já que assim a copa das suas árvores darão a sombra necessária ao meu descanso na rede. Passei um pedaço da tarde de domingo observando a linha horizontal que divide o céu do mar, a mesma que sempre me refiro como parâmetro do sopro da vida. A cada vez que a observo, absorvo algo de novo. Minha índia então lamentava-se do seu atual estado de espírito. Eu a-compreendo, ela se doou muito à alguem, que talvez não tenha a noção exata do significado e valor de doar-se. Minha índia tem um grande coração, tão nobre que nem cabe nela direito, rsrsrs, essa baixinha teimosa, não tem percebido o quão preciosa és e o quanto me ensina no simples olhar e som da sua voz. Um tanto desiludida, diria eu enfraquecida pelo peso de uma decisão, de várias decisões, as quais a vida nos obriga tomar e nos ensina ao fim das mesmas. Finalmente percebo que não precisamos querer ir além do horizonte para conhecermos a felicidade e para qual caminho seguiremos, qual decisão tomaremos, etc... O horizonte sempre será apenas uma linha imaginária, portanto nunca o alcançaremos. Na verdade a linha real desse horizonte está dentro de nós, das nossas aptidões, vocações, da nossa divina e infinta capacidade de amar e perdoar, negada por nós mesmos, pela redoma de ilusões que rotineiramente criamos. A decisão está em nós, está no nosso ser feliz ao invés de estar alegre!! A minha índia me fez reaprender a essência do amor! Te amo Tupinambá!  : )

sábado, 12 de junho de 2010

Carta ao dia dos namorados

Poderia eu, começar desejando aos casais, um feliz dia dos namorados e isso talvez bastasse a cada pessoa, que independentemente da minha mensagem já está contente e agora apenas planejando o que fazer nessa noite tão linda. Daí muitos podem se - perguntar: O que tem de tão lindo nessa noite, que não tem nas outras noites? Se é que as noites sejam lindas para os olhos desses? Eu digo sim, ao mesmo tempo em que hoje é apenas mais um dia como qualquer outro, que essa noite tenha o mesmo frio ou calor das noites passadas, ela tem um significado especial para quem ama, para quem conhece ou apenas busca conhecer a essência de um amor a dois, as vezes tonto, bobo, inseguro, talvez perdido na imensidão dos espaços frios e vazios entre cada estrela ou nuvem desta noite. A essência de um amor entre dois corpos está muito além daquele lindo e caro presente oferecido ao(a) amado(a) no dia de hoje, daquele jantar à luz de velas ou daquela quilométrica carta escrita à quem você diz amar e ser amado, está num simples olhar que de tão simples, te cega e te renova por dentro e te faz olhar a vida com novos olhos, com novas perspectivas. Está naquele gesto as vezes desprezado ou despercebido de acariciar o rosto do(a) seu/sua amado(a), naquele ajeitar da coberta, numa noite fria, enquanto ele/ela dorme ali do seu ladinho, ou naquele delicioso café da manhã que te prepararam ou que você mesmo preparou, que não precisa e geralmente não é cheio de frutas, doces, salgados e guloseimas em geral, como os que vemos na TV, mas que tem um gosto maior e mais intenso do que você costuma tomar nos demais dias da semana. A essência do amor está muitas vezes mais presente naquele beijo na testa, carinhoso, que num grandioso passeio de iate ou um majestoso arranjo de flores. É algo mais humano e divino, que material, é algo que te invade sem pedir licença e te faz querer ser melhor, sim, por que não querer ser melhor? Aprender a crescer, amadurecer, ceder e ter desejos cedidos, desejos esses conscientes, claro, aprender a sonhar... Tudo isso e muito mais que isso, cujo um livro de infinitas páginas jamais conseguiria retratar por completo, se chama amor entre um homem e uma mulher, entre dois seres magníficos nas suas respectivas criações, cheios de falhas, erros e acertos, bons e maus preceitos, diferentes esses na sua forma de expressão, de verdade, mas no fim de tudo isso, todos tem algo em comum, algo que nenhum mal consegue retirar, pois está impregnado nas entranhas do coração e da alma do homem: a sede e a vocação para amar. Ame sempre, sem medo, sem vergonha e acima de tudo sem nenhuma distância, pois a verdadeira e mais amarga distância que deve inexistir é a espiritual, já que enquanto duas mentes e dois corações estiverem ligados, caminhando juntos, nem mesmo a distância percorrida pela velocidade da luz no vácuo, que vá de uma ponta a outra do universo, os separarão.

A todos os que amam alguém, a todos que sofrem, mas amam, feliz dia dos namorados e uma linda e magnífica noite! 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Não saber amar?

Amar um dos verbos senão o verbo mais intenso dentro da vida, aliás, a vida é feita de amor, a criação do universo e de todos os seres vivos e não-vivos presentes neles é o maior exemplo disso. Falar do amor, ao mesmo tempo em que parece simples e transparente é algo demais por complexo, é algo inclassificável humanamente falando, pois é um sentimento aguçado e profundo, que requer sensibilidade e espiritualidade para senti-lo na sua essência suprema. Eros, Philos, Ágape, dentre outros termos, amor... Dizer eu te amo, quantas vezes nós vemos ou nós mesmos dizemos por ai a alguém, que supostamente sentimos algo bom, seja por que esse alguém nos faz bem ou por que nos faz bem estar com esse alguém. Pois bem, vivemos em um mundo tão confuso, tão agitado, tão incerto e perigoso, onde cada vez mais o próprio amor acaba se escondendo ou se perdendo em meio à multidão de acontecimentos. Diria eu em meio à multidão de ciclos inescrupulosos que nos circundam, ciclos criados por nós mesmos, os verdadeiros vendavais e furacões do planeta. “Se a imagem e semelhança do amor foste criado, então dos teus atos o mais sincero e natural é o teu amar (...)” Assim fomos criados e assim, em contrapartida deixamos de ser inundados desse amor, dando lugar ao maior dos seres inanimados, o egocentrismo. Somos tão seguros de si mesmos, ou melhor, somos tão inseguros de si mesmos que criamos uma redoma em nossos ares, onde somos os nossos imperadores supremos, assim como imperadores alheios. É ai que o a imagem e semelhança do amor se torna a imagem e semelhança do orgulho, da inveja, da soberba, é ai que os sonhos são tidos como utópicos e puramente loucos. Os grandes “loucos” da humanidade nunca foram levados a sério mesmo, correto? Até o dia em que cada um deles pôde provar através de sua suposta loucura o quão cheios de vida eram e o quão suas invenções e/ou versos eram fatos reais, vivos e importantes para o nosso meio. Meio esse perdido num espaço, numa guerra eterna de egos, que machuca muito mais que qualquer bomba atômica, já que o primeiro é responsável pelo segundo, assim como por tantas desgraças intermináveis. Podres somos nós, hipócritas e artistas mascarados, que discursam por um mundo “sustentável”, onde a paz reina. Paz, que paz? A paz dos que à buscam ao troco do caos do outro? A falsa paz da mídia, dos falsos profetas, dos que roubam e sugam até a ultima gota de sangue e de alma dos seus submissos. O amor é assassinado todo dia na esquina, na garota que vende seu corpo, em troco do que comer ou em outros casos pra sustentar sua luxuria e soberba. É assassinado a cada esquina quando permitimos o nosso semelhante rastejar sobre o seu próprio sangue, esfolado pela mão dos que detém o “poder”. O pobre, o imundo, o mendigo, o analfabeto, o preto, o branco, o amarelo, vermelho, ou qual cor que seja. O mundo criado de forma colorida, onde do céu a Terra tudo é recheado de todas as cores que compõem o espectro luminoso, visto por um espectro sem cor e sem transparência, ou melhor, segregado pela cor. Mas e daí? A culpa não é minha! O que eu posso fazer? Tudo isso é milenar! Fechemos os olhos e continuemos com nossas caras pálidas, podres de carnificina no olhar, a carnificina que presenciamos a todo instante, sem que precisemos necessariamente ligar a TV, rádio ou sequer sair de casa. Já que chegamos à era das tecnologias, onde “clicando em um botão” tudo estará resolvido, nossos sonhos tornam-se realidade, por que não criar um controle remoto que apague todo sofrimento alheio ou o nosso próprio, e assim dar um enfeite novo a vida, colocar balões coloridos, roupagem nova, discursos inflamados e viva a “LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE! VIVA A MAGNÍFICA DEMOCRACIA EM QUE SUPOSTAMENTE VIVEMOS!” E assim seguimos, como zumbis, a passos longos maiores que nossas pernas, vamos conquistar o vizinho, ou melhor, o país, que tal o mundo!? Ué, por que não o universo? Agora sim esqueceremos de uma só vez, depois que tudo isso virar pó, que a maior conquista estava a todo tempo aqui dentro, em nós mesmos, a conquista da alma, a conquista do amor do semelhante, do construir e enfeitar o jardim do vizinho e não do querer ter o jardim maior e mais bonito da rua. Assim eu vejo que por desabafar tudo isso, sou tão louco e tão utópico quanto todos os outros que morreram por ai, pregando a favor da vida e não sob a vida. E o amor?