quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Não saber amar?

Amar um dos verbos senão o verbo mais intenso dentro da vida, aliás, a vida é feita de amor, a criação do universo e de todos os seres vivos e não-vivos presentes neles é o maior exemplo disso. Falar do amor, ao mesmo tempo em que parece simples e transparente é algo demais por complexo, é algo inclassificável humanamente falando, pois é um sentimento aguçado e profundo, que requer sensibilidade e espiritualidade para senti-lo na sua essência suprema. Eros, Philos, Ágape, dentre outros termos, amor... Dizer eu te amo, quantas vezes nós vemos ou nós mesmos dizemos por ai a alguém, que supostamente sentimos algo bom, seja por que esse alguém nos faz bem ou por que nos faz bem estar com esse alguém. Pois bem, vivemos em um mundo tão confuso, tão agitado, tão incerto e perigoso, onde cada vez mais o próprio amor acaba se escondendo ou se perdendo em meio à multidão de acontecimentos. Diria eu em meio à multidão de ciclos inescrupulosos que nos circundam, ciclos criados por nós mesmos, os verdadeiros vendavais e furacões do planeta. “Se a imagem e semelhança do amor foste criado, então dos teus atos o mais sincero e natural é o teu amar (...)” Assim fomos criados e assim, em contrapartida deixamos de ser inundados desse amor, dando lugar ao maior dos seres inanimados, o egocentrismo. Somos tão seguros de si mesmos, ou melhor, somos tão inseguros de si mesmos que criamos uma redoma em nossos ares, onde somos os nossos imperadores supremos, assim como imperadores alheios. É ai que o a imagem e semelhança do amor se torna a imagem e semelhança do orgulho, da inveja, da soberba, é ai que os sonhos são tidos como utópicos e puramente loucos. Os grandes “loucos” da humanidade nunca foram levados a sério mesmo, correto? Até o dia em que cada um deles pôde provar através de sua suposta loucura o quão cheios de vida eram e o quão suas invenções e/ou versos eram fatos reais, vivos e importantes para o nosso meio. Meio esse perdido num espaço, numa guerra eterna de egos, que machuca muito mais que qualquer bomba atômica, já que o primeiro é responsável pelo segundo, assim como por tantas desgraças intermináveis. Podres somos nós, hipócritas e artistas mascarados, que discursam por um mundo “sustentável”, onde a paz reina. Paz, que paz? A paz dos que à buscam ao troco do caos do outro? A falsa paz da mídia, dos falsos profetas, dos que roubam e sugam até a ultima gota de sangue e de alma dos seus submissos. O amor é assassinado todo dia na esquina, na garota que vende seu corpo, em troco do que comer ou em outros casos pra sustentar sua luxuria e soberba. É assassinado a cada esquina quando permitimos o nosso semelhante rastejar sobre o seu próprio sangue, esfolado pela mão dos que detém o “poder”. O pobre, o imundo, o mendigo, o analfabeto, o preto, o branco, o amarelo, vermelho, ou qual cor que seja. O mundo criado de forma colorida, onde do céu a Terra tudo é recheado de todas as cores que compõem o espectro luminoso, visto por um espectro sem cor e sem transparência, ou melhor, segregado pela cor. Mas e daí? A culpa não é minha! O que eu posso fazer? Tudo isso é milenar! Fechemos os olhos e continuemos com nossas caras pálidas, podres de carnificina no olhar, a carnificina que presenciamos a todo instante, sem que precisemos necessariamente ligar a TV, rádio ou sequer sair de casa. Já que chegamos à era das tecnologias, onde “clicando em um botão” tudo estará resolvido, nossos sonhos tornam-se realidade, por que não criar um controle remoto que apague todo sofrimento alheio ou o nosso próprio, e assim dar um enfeite novo a vida, colocar balões coloridos, roupagem nova, discursos inflamados e viva a “LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE! VIVA A MAGNÍFICA DEMOCRACIA EM QUE SUPOSTAMENTE VIVEMOS!” E assim seguimos, como zumbis, a passos longos maiores que nossas pernas, vamos conquistar o vizinho, ou melhor, o país, que tal o mundo!? Ué, por que não o universo? Agora sim esqueceremos de uma só vez, depois que tudo isso virar pó, que a maior conquista estava a todo tempo aqui dentro, em nós mesmos, a conquista da alma, a conquista do amor do semelhante, do construir e enfeitar o jardim do vizinho e não do querer ter o jardim maior e mais bonito da rua. Assim eu vejo que por desabafar tudo isso, sou tão louco e tão utópico quanto todos os outros que morreram por ai, pregando a favor da vida e não sob a vida. E o amor?